Adquiri [o livro
de][1]
Smith sobre o Pentateuco imediatamente por sua sugestão, e tenho estado muito interessado
no que tenho lido dele – mas não o li o suficiente para adentrá-lo como um todo
[W. Smith, The Book of Moses or the Pentateuch in its Authority,
Credibility, and Civilisation, Londres, 1868]. A obra do Sr. Beverly
também chegou, mas sem nenhum capítulo suplementar. Ore transmitindo meu
agradecimento ao autor desconhecido [The
Darwinian Theory of the Transmutation of Species examined by a Graduate of the
University of Cambridge, Londres, 1868]. É um cuidadoso e severo exame da teoria de Darwin – e mostra, como é
muito certo que ele seria capaz de fazer, os vários pontos que devem ser bem elaborados
antes que ela possa ser coerente. Não temo a teoria tanto quanto ele aparenta
temer – e parece-me que ele é, às vezes, duro com Darwin, que [sic] ele poderia tê-lo interpretado gentilmente.
Não parece, para mim, resultar que a criação seja negada porque o Criador,
milhões de anos atrás, deu leis à matéria. Ele primeiro criou a matéria e, então, criou leis
para a mesma – leis que deveriam construí-la
em sua maravilhosa beleza presente e acurado ajuste e harmonia de partes gradualmente. Nós não negamos ou circunscrevemos
o Criador, por sustentarmos que ele criou a mente humana, originária de
auto-ação, a qual tem quase um dom criativo; muito menos, então, negamos ou
circunscrevemos seu poder se sustentarmos que Ele deu à matéria tais leis que,
como por sua ação cega, moldaram e construíram através de inumeráveis eras o
mundo como o vemos. Se o Sr. Darwin neste ou naquele ponto de sua teoria entra
em colisão com a verdade revelada, isto é outro assunto – mas não imagino que o
princípio de desenvolvimento, ou o
que tenho chamado “construção”, o faça. Quanto ao Design Divino, não é um exemplo de Sabedoria e Design
incompreensível e infinitamente maravilhosos ter dado certas leis à matéria a
milhões de eras atrás, os quais, segura e precisamente, elaboraram, no longo
curso daqueles séculos, aqueles efeitos que Ele desde o início tem proposto [?][2].
A teoria do Sr. Darwin não precisa,
então, ser ateísta, seja verdadeira ou não; ela pode, simplesmente, estar
sugerindo uma ideia mais ampla da Presciência e Habilidade Divinas. Talvez o
seu amigo tenha uma pista mais segura que eu, que nunca estudei o assunto, para
guiá-lo, e eu não [vejo] que a evolução acidental dos seres orgânicos seja
inconsistente com o design divino – é acidental para nós, não para Deus.
Muito sinceramente
seu em Cristo, John H. Newman
P.s. Por que
o princípio de geração não é ateísta, se o princípio de desenvolvimento o é?
Não conhecêssemos o fato de que
espécies e raças saírem, em sucessão, de um casal, poderíamos dizer que esta
era uma teoria inconsistente com a doutrina da criação. E, a fortiori, pode-se
insistir: “aqui, o encontro acidental
e casamento de duas pessoas, ou o intercurso pecaminoso, obrigarão o
Todo-poderoso a criar uma alma a todo o momento”. Portanto (não apenas o corpo,
mas) a alma não é criada, mas é a
consequência acidental da vontade humana, etc., etc..
The Letters and Diaries of John Henry Newman, editado por C.S.
Dessain e T. Gornall, vol. XXIV (Oxford: Clarendon Press, 1973), p. 77-78.
Artigo original aqui.
Tradução: Robson Barbosa da Silva.